quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

 

TUDO da AUDIÊNCIA e ....2



Não está dando para escrever porque meu netinho está de férias e veio passa-las comigo.
Ele vai fazer 6 anos em março.
Imaginem o que é manter uma criança num quarto de hotel!!!

MAS NÃO É A SHELL QUE PAGA AS DESPESAS DELE, NÃO!!!!!
É POR NOSSA CONTA!
O duro é não ter espaço para ele brincar, não ter um pomar para ele comer as frutas no pé,
é verdade que a gente sái por aí, vamos ao bosque, vamos aos parques,

MAS NUNCA É COMO ESTAR NA CASA DA GENTE!!!!

PODER TER UM GATINHO, UM CACHORRINHO, TER UM CHÃO NOSSO PARA BRINCAR,

PARA CORRER...

CASA DE AVÓ SEM QUINTAL, SEM ESPAÇO, SEM POMAR NÃO É CASA DE AVÓ.

...até esse direito a shell me tirou...


...e depois não querem que eu fique brava!!!!!!!


domingo, 25 de dezembro de 2011

 

TUDO da AUDIÊNCIA e ....

Começou assim:-
A advogada da shell disse que tinham outra proposta.
Me ofereciam sair do hotel e ir morar numa chácara alugada e paga pela shell.
Disseram que a shell gasta, em média, 300 mil reais por ano de hotel conosco (sem contar com o guarda móveis, meu ressarcimento e etc.).

PAREM E PENSEM!!!!!


Estamos no hotel há 8 anos, 8 mêses e alguns dias (desde abril de 2003)!!!!!!
...se fizermos as contas pela média de
200 mil reais por ano seriam
1 milhão e 600mil
,
sem contar os 8 meses, o ressarcimento, o guarda móveis, os honorários advocatícios e etc., etc., etc., !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

VOCÊS NÃO ACHAM QUE JÁ NA 1ª AUDIÊNCIA EM 2005, OU ANTES DISSO ATÉ, JÁ PODERÍAMOS TER RESOLVIDO TUDO SEM ESSE DESGASTE TODO?????
... vou ter que parar, surgiu um imprevisto...


sábado, 24 de dezembro de 2011

 

POIS É!!!!

Shell e Basf descumprem até acordos judiciais
 
Para se ter uma idéia do desprezo que tem estas multinacionais petroquimicas pelos trabalhadores e o povo brasileiro, as empresas Shell e Basf se negam a cumprir as decisões dos tribunais brasileiros que determinam indenizações e pagamento de tratamento a ex-funcionarios e moradores atingidos pela contaminação de seus produtos.
 
A ação contra as empresas foi impetrada pelo Sindicato Químicos Unificados, a Associação dos Trabalhadores Expostos a Substâncias Químicas (Atesq), o Ministério Público do Trabalho de Campinas e a Justiça do Trabalho de Paulínia.
 
Em abril deste ano as empresas tinham sido condenadas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a pagar uma multa de 1,1 bilhão de reais, tratamento medico de funcionarios e moradores por danos causados na fabricação de agrotoxicos em Paulinia. O tratamento deveria ter começado em 9 de dezembro. Mas até hoje a empresa se nega a pagar.
 
Já morreram 56 ex-funcionarios de cancer que trabalharam na fabrica da Shell em Paulinia. Cerca de 1100 pessoas foram habilitadas no processo a receber o tratamento, mas a empresa somente quer reconhecer 350.
 
Multinacionais como Shell, Basf, Chevron, BP, Braskem, Motec e todas as empresas imperialistas somente estão preocupadas com seus lucros e nem se importam com a destruição das forças produtivas do mundo, particularmente homens e mulheres e a natureza.
 
Se recusam a pagar multas, indenizações e tratamentos, e para isto se utilizam de milhares de ações judiciais, com recursos recorrentes.
 
Por isso tem que ser colocadas para fora de nosso país.
 
Fonte: Américo Astuto, editado pela Agência Petroleira de Notícias


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ciomara

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

 

rapidinho...

....ainda não deu para scanear a ata, mas nela não tem nada, só diz que foi INFRUTÍRERA.
....mas agora conto o que houve:-
A Dona Shell, por intermédio de seus advogados, esquecendo e passando por cima de tudo que tinha sido acordado na Audiência anterior (em maio de 2010), veio me propor sair do hotel e ir morar numa chácara com o aluguel pago por ela!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
depois escrevo mais, tenho que ir jantar, senão fico na mão....

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

 

DESCULPAS

Quero pedir desculpas pela minha ignorância e intransigência com os advogados(as) da Shell.
Ontem na audiencia a advogada presente disse que se sentiu ofendida com afirmações, opiniões ou acusações que faço aqui no meu blog.
É a profissão deles, como ela falou e eu sei disso, só que devido a toda injustiça da qual me sinto vítima eu fico cega de tristeza e de ódio e dá no que dá.
MAS ME PERDOA DOUTORA!
A DOUTORA É LINDA, MEIGA, EDUCADA, CIENTE DOS SEUS DEVERES E MUITO COMPETENTE.
PERDOA.
Eles tem que defender a Shell dentro das Leis Brasileiras, seu cliente diz o que quer, o que entende como correto, e eles são os profissionais pagos para realizar isso.
...e eu tenho o meu advogado para me defender do que acho injusto.
Se eu fosse a Shell eu estaria satisfeitíssima com o desempenho dos advogados que tem.
Eles(as) são eficientíssimos.
...pena que estou do outro lado...
Não quero dizer que não estou satisfeita com o meu advogado, muito pelo contrário.
A única coisa que realmente me incomoda é que, parece, que as leis foram feitas mais para beneficiar os criminosos do que as vítimas e inocentes.
CONFIO NA JUSTIÇA, SÓ NÃO CONFIO NAS LEIS.
Já decidi o que quero.
Amanhã mesmo comunicarei meu advogado, daí ele saberá o que tem que fazer ou não, sei lá, pois essa parte é com ele.
Boa sorte, doutora.
ciomara.
P.S. Amanhã postarei a Ata da Audiência que foi INFRUTÍFERA, infelizmente.

MAS QUE EU ODEIO A SHELL, ISSO EU ODEIO E MAIS AINDA AS NOSSAS LEIS...


sábado, 10 de dezembro de 2011

 

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??????????????????????????????????????????

Segundo o texto da decisão, “a Prefeitura Municipal de Paulínia decretou o isolamento da área do Recanto dos Pássaros e a população antes lá residente tem o custeio de seus exames e do tratamento médico quitado pela Shell.

.......................................................................
Essa declaração/decisão, acima, está na postagem mais abaixo,
"
Caso Shell: ação civil pública beneficia mais de mil famílias",
e é parcialmente, MENTIROSA.

É VERDADE:
-QUE ISOLARAM O BAIRRO,
QUE NOS REMOVERAM DE LÁ,
QUE, EM 2001/2002, FIZEMOS ALGUNS EXAMES CUSTEADOS PELA PREFEITURA (e também alguns custeados pela Shell).

NÃO SEI:-

- SE OS EXAMES "SERIAM" QUITADOS PELA SHELL.
FIQUEI SABENDO, POR COMENTÁRIOS, QUE HOUVE "SUPER FATURAMENTO" E QUE A SHELL CONTESTOU.

É MENTIRA:-
QUE TEMOS
(digo mentira, porque tenho a impressão que "temos" está no Presente do Indicativo, né?) CUSTEIO DE EXAMES E TRATAMENTOS.
VERDADE SERIA DIZER QUE "TIVEMOS" ALGUNS ATENDIMENTOS MÉDICOS E EXAMES PATROCINADOS POR NÃO SEI QUEM, OU MELHOR, UNS PELA SHELL E OUTROS PELA PREFEITURA.
SÓ QUE FOI SÓ ISSO.
DA PREFEITURA NÃO TEMOS/TIVEMOS CONTINUIDADE DE "TRATAMENTOS/ATENDIMENTOS E NEM RECEBEMOS ALTA.
FOMOS ABANDONADOS NO MEIO DO CAMINHO, COM MUITO MAIS DÚVIDAS QUE ANTES.
O ATENDIMENTO E EXAMES PATROCINADOS PELA SHELL TAMBÉM NÃO ATENDERAM AS RECOMENDAÇÕES DO HOSPITAL ALBERT EINSTEIN, QUE PEDIA ACOMPANHAMENTO SEMESTRAL,
MEU E DA MINHA FAMÍLIA, DEVIDO A ALTERAÇÕES NA NOSSA SAÚDE, TALVEZ DEVIDAS A NOSSA EXPOSIÇÃO, POR MAIS DE 25 ANOS, AOS PRODUTOS IRRESPONSÁVEL E NEGLIGENTEMENTE MANIPULADOS POR ELA NO MEU PORTÃO.

CONCLUSÃO:-


- NÃO É/FOI BEM ASSIM, NÉ NÃO?
CIOMARA.




 

E TEM QUEM A DEFENDA! E SE ORGULHE DISSO

Faço minhas essas palavras abaixo.

É assim que me sinto.

É isso que vivo.

... e tenho que calar minha dor quando penso na minha família, nos meus filhos, que foram gerados lá, que nasceram lá, cresceram lá e que apesar da nossa aparência sadia, estamos condenados pela Shell.

...eu vivi minha vida, mas meus filhos e netos não sabemos se chegarão até onde eu cheguei...

ciomara j rodrigues

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

“As pessoas que trabalhavam lá, provavelmente, não estarão vivas daqui vinte anos.

Não contamos com esta expectativa de vida.


Ela se baseia em viver hoje, amanhã, depois.


Não temos perspectiva de futuro.

O nosso futuro não existe, ele é o agora”.


Essa não é a declaração de um paciente terminal; tampouco isso foi dito por quem enfrenta uma guerra no país em que vive.
Apesar do pessimismo impresso em tais palavras, quem as proferiu ainda está de pé, vivendo aparentemente como alguém saudável.
Aliás, quem não conhecesse sua história diria que ele não possui problemas de saúde, assim como grande parte dos seus companheiros, citados na fatídica frase como perfilados em um dia sem amanhã.



 

Enc: Meio ambiente: MPT põe fim à pulverização de veneno em trabalhadores da laranja na década de 90


 
ciomara

----- Mensagem encaminhada -----
De
Para:
Enviadas: Sexta-feira, 9 de Dezembro de 2011 22:04
Assunto: Meio ambiente: MPT põe fim à pulverização de veneno em trabalhadores da laranja na década de 90

07/12/2011 17:53 | Fonte: ASCOM PRT-15 Meio ambiente: MPT põe fim à pulverização de veneno em trabalhadores da laranja na década de 90

http://www.prt15.mpt.gov.br/site/noticias.php?mat_id=12326



05/12/2011 14:46 | Fonte: ASCOM PRT-15 Caso Shell: ação civil pública beneficia mais de mil famílias


http://www.prt15.mpt.gov.br/site/noticias.php?mat_id=12321



 

Caso Shell: ação civil pública beneficia mais de mil famílias

Procuradoria Regional do Trabalho 15a Região

IMPRENSA/NOTÍCIAS/
Caso Shell: ação civil pública beneficia mais de mil famílias
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05/12/2011 14:46 | Fonte: ASCOM PRT-15
Caso Shell: ação civil pública beneficia mais de mil famílias
 
Campinas (SP) - "As pessoas que trabalhavam lá, provavelmente, não estarão vivas daqui vinte anos. Não contamos com esta expectativa de vida. Ela se baseia em viver hoje, amanhã, depois. Não temos perspectiva de futuro. O nosso futuro não existe, ele é o agora". Essa não é a declaração de um paciente terminal; tampouco isso foi dito por quem enfrenta uma guerra no país em que vive. Apesar do pessimismo impresso em tais palavras, quem as proferiu ainda está de pé, vivendo aparentemente como alguém saudável. Aliás, quem não conhecesse sua história diria que ele não possui problemas de saúde, assim como grande parte dos seus companheiros, citados na fatídica frase como perfilados em um dia sem amanhã.
No entanto, André Luiz Diogo tem motivos para preocupar-se com o que virá. Sua aparência simpática e altiva esconde, segundo ele, graves alterações orgânicas, decorrentes da exposição a pesticidas e a outras substâncias químicas extremamente nocivas ao homem. André relata que seu sangue apresenta um alto nível de enzimas hepáticas, responsáveis pelo aumento gradativo de seu baço. Além disso, a inflamação no fígado e as constantes convulsões parciais, derivadas de uma alteração neurológica – que lhe rendeu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) – persistem, mesmo com a ingestão de medicamentos. Ele conta que, apesar das altas doses dos remédios que utiliza, a doença no fígado o impede de acertar a medida adequada para dominar suas recidivas convulsões. Não há escapatória.
Seu quadro de saúde não pode ser considerado único. Ele integra um contingente de pessoas expostas à contaminação no sítio da Shell, em Paulínia, durante 25 anos de funcionamento de uma fábrica de defensivos agrícolas.  

Um breve histórico

Em 1974, a Shell do Brasil S/A adquiriu um terreno de 78,99 hectares no bairro Recanto dos Pássaros, no município de Paulínia, para instalação de uma fábrica de praguicidas. Os limites das instalações, que seguem o formato do Rio Atibaia, compreendiam 26 edificações.
No ano de 1975, a Shell encaminhou memorial descritivo do sistema de tratamento de efluentes líquidos e sólidos da implantação da fábrica de defensivos agrícolas. A empresa informava à Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) que procederia ao tratamento dos resíduos gerados no processo de produção e manipulação dos pesticidas organoclorados (compostos por carbono e cloro, com ação cancerígena, banidos de vários países) e organofosforados (compostos por carbono e fósforo, altamente tóxicos e fatais para o homem, ainda que na proporção de alguns miligramas). As águas com resíduos seriam lançadas no Rio Atibaia após serem hidrolisadas ou incineradas, em casos de difícil tratamento.
No entanto, a própria Cetesb, com base nos dados fornecidos pela Shell, considerava que a indústria, em especial pela localização inconveniente da planta e tendo em vista o uso do Rio Atibaia, possuía elevado potencial poluidor, uma vez que utilizaria solventes e pesticidas em sua atividade.
Em 1977, a fábrica, apesar das resistências opostas à sua instalação, começou a operar com 191 funcionários, que atuavam na formulação e na síntese de compostos organoclorados e organofosforados. O processo produtivo era dividido em duas unidades básicas: produção de dois princípios ativos de inseticidas fosforados, denominados azodrin e bidrin; e produção de defensivos agrícolas de azodrin e bidrin e outros princípios ativos importados, aplicáveis no campo.
No ano seguinte, a Shell recebeu da Cetesb a Licença de Funcionamento. Pouco mais de seis meses após a liberação, a própria Cetesb passou a receber as primeiras reclamações acerca das emanações atmosféricas com forte odor tóxico. Ilustrativamente, a Petrobrás informava que a localidade onde estava instalada a Refinaria de Paulínia (Replan) vinha sendo "invadida por emanações gasosas de características aparentemente tóxicas, e que sempre causam grande desconforto e mal-estar físico nos funcionários que se expõem à sua inalação. O fato ocorria no período noturno e quase sempre nos finais de semana e feriados".
As queixas da população residente quanto às emissões atmosféricas e aos odores dos poluentes tornaram-se constantes. Apesar disso, a Shell solicitou à Cetesb uma licença para iniciar a formulação de herbicidas. No período de 1984 a 1985, a empresa já contava com 260 funcionários e a indústria funcionava 24 horas por dia, em três turnos.
Apenas em 1989, ou seja, 12 anos após a ativação da planta, a Shell encaminhou à Cetesb licença para instalação de um aterro industrial que receberia as cinzas do processo de incineração e os afluentes provenientes das lagoas de evaporação. Todavia, a empresa recebeu a liberação para utilizar o aterro somente três anos depois.
Em agosto de 1991, a Shell encaminhou à Cetesb correspondência informando que a presença de agroquímicos na área da empresa estaria relacionada à antiga utilização do terreno, em época – que seria anterior à aquisição – na qual o local possuía finalidade agrícola.
Segundo relatos de ex-trabalhadores e de ex-moradores das chácaras nos registros de reclamações da Cetesb, além das emissões provocadas pelos incineradores, havia o despejo de solventes orgânicos, emanações de gases dos processos industriais e vazamentos de resíduos de tambores de estocagem. "Na unidade Ionol, em que eu trabalhei por 15 anos, houve o maior vazamento da planta, com cerca de oitenta a cem mil litros de organoclorados de efluentes aquoso e orgânico despejados no solo. Nós convivíamos diariamente com esses vazamentos. O produto era volátil demais e tínhamos de respirar veneno. A exaustão existia, mas simplesmente não funcionava", afirma Ricardo Luiz Gonçalves, ex-funcionário da empresa.

Sucessão de empresas e encerramento de atividades

A área em Paulínia abrigou a Shell até 1995. Naquele ano, parte da área foi vendida para a American Cyanamid CO., que obrigou a Shell a realizar,  como condição do negócio de compra e venda, uma auditoria ambiental que, ao final, acusou a contaminação de água e solo locais. A partir de então, a Shell apresentou a situação à Curadoria do Meio Ambiente de Paulínia, da qual resultou um termo de ajustamento de conduta (TAC). No documento, a Shell reconheceu a contaminação do solo e das águas subterrâneas por produtos denominados aldrin, endrin e dieldrin, compostos por substâncias altamente cancerígenas.
Após os resultados das análises toxicológicas, a agência ambiental entendeu que a água das proximidades da indústria não poderia mais ser utilizada, o que levou a Shell a adquirir todas as plantações de legumes e verduras das chácaras do entorno e a fornecer água potável para as populações vizinhas. Mesmo nas áreas residenciais no entorno da empresa, foram verificadas concentrações de metais pesados e de pesticidas clorados (DDT e drins) no solo e em amostras de águas subterrâneas.
Em 2000, a Basf adquiriu a Cyanamid e manteve a mesma atividade industrial, inclusive a produção de azodrin. Após receber uma série de denúncias e informações que ganharam notoriedade, o MPT instaurou inquérito civil em face das empresas Shell e Basf, com o objetivo de apurar e de reparar possíveis danos à coletividade e à saúde dos trabalhadores
Em dezembro de 2002, a empresa Basf S/A anunciou o encerramento de suas atividades na unidade de Paulínia, o que implicaria a dispensa das pessoas que trabalhavam no local. Nessa mesma época, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em ação conjunta com o MPT, interditou todas as atividades da planta. A dispensa dos trabalhadores foi sobrestada até que fossem esclarecidos os impactos da contaminação ambiental sobre a saúde de todos eles.
Em seguida, os moradores das chácaras evacuaram o local e receberam, do município de Paulínia, o acesso a tratamentos de saúde. Os ex-trabalhadores, entretanto, somente passaram a ser acompanhados a partir de 2005, e desde a interdição definitiva da fábrica lutam pela responsabilização das empresas que provocaram lesões à sua saúde. A criação da Associação dos Trabalhadores Expostos a Substâncias Químicas (Atesq) foi de vital importância para a organização dos ex-funcionários.
Em maio de 2004, o MPT solicitou o apoio do Ministério da Saúde (MS) para a análise de aproximadamente trinta mil laudas referentes à contaminação ambiental e à exposição de trabalhadores das empresas Shell, Cyanamid e Basf. O trabalho teve como objetivo avaliar os riscos de exposição dos ex-trabalhadores das empresas a diversos contaminantes. O MS contratou consultoria especializada para realizar o estudo in loco.  

Constatações do MS

Os diversos estudos de caracterização ambiental realizados pela consultoria contratada pelo MS constataram contaminação dos solos, da água e da atmosfera. Analisaram-se também os riscos da exposição do ser humano a tais compostos. Em relação aos dados sobre contaminação do solo, o estudo se baseou no exame de amostras do solo superficial coletadas à profundidade de até oito metros, com maior possibilidade de exposição por contato direto.
Na área de formulação, construída durante o período de 1977 a 1982, os estudos realizados comprovaram a contaminação do solo e da água subterrânea por compostos aromáticos, hidrocarbonetos halogenados, pesticidas e hidrocarbonetos diversos. Os levantamentos realizados indicavam que o "solo superficial" estava contaminado com os compostos DDT, aldrin e endrin. Nas amostras de solo "sub-superficial" foram encontradas mais de vinte substâncias tóxicas em níveis bem acima do valor considerado aceitável para o organismo humano.
Na planta em que era feita a produção de organofosforados, denominada Opala, as amostras de solo indicaram a presença de contaminantes em concentrações altíssimas: 1,2-Dicloetano e Diclorometano, solventes orgânicos; e Triclorometano, substância que, se aspirada, afeta o sistema nervoso central, os rins, o fígado e o sistema cardiovascular, de tal modo que, em altos níveis de exposição, pode causar câncer.
Nas águas subterrâneas do lençol freático foram identificadas mais de 15 substâncias, entre elas o benzeno, solvente carcinogênico que causa sérios problemas sangüíneos, entre eles a leucopenia. Evaporando-se rapidamente, o hidrocarboneto permanece no ar por vários dias antes de se decompor. Acredita-se que, na unidade Opala, os discos de ruptura das máquinas estavam mal-dimensionados; com a pressão dos equipamentos, houve rompimentos e conseqüentes vazamentos de gases tóxicos poluentes ao meio ambiente.
Em relação à unidade Ionol – com área total de 6.200 m² e que entre 1984 e 1998 produziu anti-oxidantes para plásticos e borrachas à base de p-cresol butilado, denominado BHT –, os dados sobre as amostras de solo indicavam a presença de diversos compostos orgânicos voláteis, como etilbenzeno, tolueno e xilenos – substâncias causadoras de problemas neurológicos e de perda de memória. "Esses produtos são tóxicos e, infelizmente, fui exposto a eles. Acontece muito de eu encontrar pessoas que me chamam pelo nome e eu não saber que se referem a mim. Minha perda de memória é terrível. Eu converso com as pessoas e não me lembro de seus nomes.", conta Ricardo Gonçalves.
Quanto às subterrâneas, o relatório do MS constatou contaminação extrema por substâncias tóxicas – cresol, dimetilfenol e diclorobutano – e a presença significativa de gases até o nível do lençol freático. Há casos de pessoas que trabalharam na unidade e que apresentam distúrbios de memória, dificuldade na respiração durante o sono, nervosismo e agitação. A queda no número de leucócitos no sangue é um claro sinal da superexposição àqueles contaminantes.
No geral, os compostos tóxicos analisados em todas as unidades da fábrica eram agrotóxicos organoclorados ou solventes. Segundo a conclusão do estudo do MS, essas substâncias possuem potencial teratogênico, genotóxico e carcinogênico. Alguns compostos manifestam seus efeitos na geração seguinte, sob a forma de malformações congênitas ou desenvolvimento de tumores nos descendentes das pessoas expostas. Por fim, o relatório final do MS indica a necessidade de acompanhar a saúde dos ex-trabalhadores, cônjuges e filhos.
Com base no estudo do MS, o MPT firmou TAC com os municípios de Campinas e Paulínia, onde os entes públicos se comprometeram a formular um protocolo de atendimento à saúde da população exposta à contaminação no CISP (Centro Industrial Shell Paulínia). Posteriormente, outro TAC foi firmado para dar início à implementação do protocolo.  

A propositura da ação civil pública

Em março de 2007, por meio da procuradora do Trabalho Clarissa Ribeiro Schinestsck, o Ministério Público do Trabalho ajuizou uma ação civil pública junto com Atesq, ACPO e Instituto Barão de Mauá em face das empresas Shell e Basf.
Entre outros requerimentos, pediu-se a antecipação da tutela para que fossem contratados planos de saúde vitalícios em benefício dos ex-trabalhadores atingidos e de seus familiares. O valor estimado para a causa chegava aos R$ 620 milhões, considerada a pretensão de reparação dos danos causados a interesses difusos e coletivos, cuja indenização seria revertida ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Houve uma série de tentativas de acordo nos dois anos subseqüentes à propositura da ação. Infelizmente, cerca de cinqüenta ex-trabalhadores morreram nesse período, sem receber um tratamento médico que lhes proporcionasse o mínimo de qualidade de vida.
Em dezembro de 2008, a Justiça do Trabalho (2ª Vara do Trabalho de Paulínia) concedeu tutela antecipada parcial. Segundo o texto da decisão, "a Prefeitura Municipal de Paulínia decretou o isolamento da área do Recanto dos Pássaros e a população antes lá residente tem o custeio de seus exames e do tratamento médico quitado pela Shell. Resta, agora, que as empresas tratem de seus trabalhadores e das crianças nascidas após a exposição de seus pais aos contaminantes, situação que requer medidas, neste momento, mais do que urgentes (...) irregularidade que se pretende corrigir com a concessão da presente antecipação de tutela que, há tempos, diga-se, já deveria ter sido deferida, mas que ficou no aguardo das tratativas de acordo entabuladas pelas partes, sem êxito, entretanto". "No curso desses anos, todos nós, cidadãos, pagamos pelo tratamento que hoje é concedido tão-só pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aos trabalhadores contaminados, com as limitações que lhe são inerentes, e que não lhe permitem a realização de exames e de tratamentos necessários à manutenção de um mínimo de bem-estar e dignidade. A conta é quitada pelos cofres públicos, por recursos de cidadãos que não usufruíram dos lucros exorbitantes gerados em favor das rés, durante décadas, inclusive com a fabricação desses produtos que já se sabia tóxicos", concluiu a juíza em sua decisão.
"Essa decisão foi um grande reconhecimento, uma vitória que ninguém apaga da nossa história. Acreditamos que os tribunais sempre darão valor à vida", finalizou Rasteiro, presidente da Atesq.
Poucos dias antes de intimado da tutela antecipada, o Cerest de Campinas enviou ao MPT o relatório final de um estudo médico e toxicológico do organismo de um grupo de 69 trabalhadores expostos à contaminação, que reforçava a necessidade da medida adotada pelo Judiciário, resultado do projeto piloto de implementação de protocolo de atendimento à saúde, elaborado por força do TAC firmado com o MPT.
Segundo dados do Cerest, dos 17 casos de neoplasia diagnosticados, dez, ou seja, 58,8%, foram de neoplasia maligna. Chamam a atenção os cânceres de próstata e de tireóide. Houve ainda um caso de leucemia. Quanto às doenças endócrinas, o Cerest verificou que 67,9% dos diagnósticos foram dislipedimias – presença de níveis anormais de lipoproteínas no sangue - somadas às doenças da glândula tireóide.
Dos 34 casos de doenças do aparelho circulatório, 21 foram de doenças hipertensivas. Dentre as doenças do aparelho digestivo, destacaram-se as que atingem o fígado e a ocorrência de doença diverticular do cólon, além de um caso de metaplasia intestinal em esôfago – alteração das células do intestino. Em trinta casos houve predominância de Lesões por Esforços Repetitivos (LER), ao passo que 56 ex-trabalhadores apresentaram problemas sérios no aparelho gênito-urinário, com afecções da próstata, alterações de fertilidade e impotência sexual. Houve, ainda, exames em que o diagnóstico – que apresenta alterações – não foi confirmado.

A sentença bilionária

Assim que notificada da decisão da 2ª Vara do Trabalho de Paulínia, a Shell impetrou mandado de segurança, com pedido liminar, para cassar a antecipação de tutela favorável à coletividade de ex-trabalhadores. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região concedeu parcialmente a liminar para determinar a suspensão de todos os prazos e multas fixados para o cumprimento da tutela antecipada concedida nos autos da ação civil pública.
Contudo, no julgamento do mérito, a Justiça do Trabalho de Paulínia condenou as empresas a custearem o tratamento médico de todos os ex-trabalhadores da unidade de fabricação de agrotóxicos, assim como de seus filhos, e a pagar uma indenização por danos morais no valor total de R$ 1,1 bilhão.
Segundo a sentença da juíza Maria Inês Corrêa de Cerqueira César Targa, da 2ª Vara do Trabalho de Paulínia, a cobertura médica deve abranger consultas, exames e todo o tipo de tratamento médico, nutricional, psicológico, fisioterapêutico e terapêutico, além de internações.
"A contaminação a que se expuseram os trabalhadores não ocorria, apenas, nos momentos em que se encontravam em seus postos de trabalho, mas em todo o período em que se encontravam no Recanto dos Pássaros, local onde foi instalado o parque fabril e hoje isolado. No início, no final da jornada, nos intervalos, no trânsito pela área externa do parque fabril, na utilização da água ofertada no local, a exposição aos contaminantes se mantinha e os trabalhadores não estavam, nestes momentos, utilizando equipamentos de proteção que, de qualquer forma, não os impedia de respirar o ar contaminado e de ingerir a água que lhes era ofertada. Não se pode, portanto, admitir a tese simplista da Shell de que a existência de substâncias tóxicas no corpo humano, por si só, não configura intoxicação", afirma a juíza, "(...) e se não é certo afirmar que todos os trabalhadores desenvolverão doenças como o câncer, também não se pode afirmar de que doenças ficarão alijados. O fato já detectado é que, na população exposta aos contaminantes já descritos, a incidência de câncer é sobremaneira maior do que nas demais populações", diz a decisão.
Cada ex-trabalhador e cada filho de ex-trabalhador nascido durante ou depois da prestação de serviços deverá receber o montante de R$ 64.500, indenização que se refere à protelação do processo pelas empresas. Este valor será acrescido de juros e correção monetária a partir da sentença e de mais R$ 1.500 por mês caso não seja feito o reembolso mensal das despesas nos meses seguintes. 
As empresas também foram condenadas ao pagamento de indenização por danos morais causados à coletividade no valor de R$ 622.200.000, reversível ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).  Na data da sentença, o valor com juros e correção já estava na casa dos R$ 761 milhões.
As multinacionais devem constituir um comitê gestor do pagamento da assistência médica. Se descumprir a obrigação, as empresas devem pagar multa diária no valor de R$ 100 mil.
Confirmação da sentença em segundo grau
O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região negou recurso impetrado pelas empresas Shell do Brasil e Basf S/A contra decisão em primeira instância que condena as multinacionais ao custeio de tratamento de saúde de ex-funcionários e ao pagamento de uma indenização bilionária por danos morais.
O acórdão proferido pelo TRT mantém a sentença da Vara do Trabalho de Paulínia, que também abrange filhos de empregados que nasceram durante ou após a prestação de serviços, autônomos e terceirizados.
Comitê gestor
Os procuradores responsáveis pelo caso estão trabalhando com afinco no cumprimento de uma das obrigações impostas pela sentença judicial, que exige execução imediata. Ela refere-se à criação do comitê gestor do tratamento de saúde e da habilitação dos beneficiários.
Em reuniões na Procuradoria, a lista de ex-trabalhadores e filhos restou parcialmente finalizada, com discussões pendentes acerca da inclusão de terceirizados e autônomos que se ativaram na fábrica durante seu funcionamento. A expectativa é de que dentro em breve, as vítimas de contaminação e seus descendentes diretos possam usufruir do tratamento médico, tão buscado pelo MPT e pelas instituições litisconsortes.
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ciomara

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

 
 Quando meu pai comprou a chácara no Poço Fundo, hoje chamado Recando dos Pássaros, local envenenado pela Shell, na cidade de Paulínia SP, essa era a Estação de Trem!!!!

ciomara

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