segunda-feira, 7 de junho de 2010

 

SE...

...escrevi isso abaixo em 26 de abril de 2009, não sei se já coloquei no blog, mas se não...
aqui está:-
Perguntas

Se:
- A Shell não tivesse se instalado no Bairro Recanto dos Pássaros, antigo Poço Fundo, bairro residencial, familiar e de lazer, uma casa de prostituição teria ido “funcionar” lá?
Um bairro estritamente residencial atrái esse tipo de “negócio”?
De quem é a responsabilidade da desvalorização do local devido à “essas casas”:- das famílias ou da Shell?
Quem daria lucro certo a “essas casas”, as famílias ou os trabalhadores das empreiteiras, os “peões de trecho”, os caminhoneiros, ajudantes e outros tantos que vieram para construir e trabalhar na Shell?
Se:
- A Shell não tivesse se instalado no meu portão e contaminado tudo, seria eu, obrigada sair do local onde passei grande parte da minha infância, onde criei e nasceram meus filhos e onde eu tinha escolhido para terminar os meus dias?
Se:
A Shell não tivesse se instalado no meu portão, e contaminado tudo, seria eu, obrigada, deixar tudo que ainda amo, que meu pai construiu e plantou para seus filhos e netos usufruírem, em favor das conveniências da Shell?
Seria obrigada interromper minha vida, meu trabalho, meus planos e meus sonhos de vida e de morte?
Se:
- A Shell não tivesse se instalado no meu portão, eu veria minha propriedade ser desvalorizada mais uma vez, em conseqüência do cheiro horrível que vinha das chaminés e de dentro dos barracões dela, afugentando bons compradores? E mais outra vez quando da auto denúncia de uma, suposta, contaminação e novamente quando da comprovada, contaminação do lençol freático?
Se:-
A Shell não tivesse se instalado no meu portão, eu teria que estar passando por milhares de humilhações vivendo e por ter que viver num hotel onde sou tratada como se, aqui, vivesse de favor, como se não tivesse um canto para cair morta? Coisa que, provavelmente, acontecerá, caso a Shell não devolva tudo que me tirou.
Se:
- A Shell não tivesse se instalado no meu portão e feito o que fez, eu estaria vivendo de sobressalto em sobressalto a cada vez que um de nós fica doente, por um motivo fútil até, mas que, instantaneamente, levanta a dúvida:- Será câncer? Será da contaminação?
Será que eu viveria o tormento de pensar:- “Se for câncer eu me mato” ou: “Se acontecer alguma coisa com meus filhos eu mato um”?
Esses são pensamentos que tenho a cada sintoma diferente, a cada coisa estranha que aparece no nosso corpo, como uma pinta, uma mancha, uma dor e etc.
Será que eu teria esses pensamentos horríveis de pensar, se a Shell não tivesse se instalado no meu portão?
Será que eu teria medo do futuro, do que me espera, pois estou à mercê de quem, até hoje, só tirou de mim?
Será que o fantasma da fome estaria me rondando, pois tenho medo de ser esmagada pela potência e poder da Shell e ser jogada na sarjeta.
Eu não fiz nada!
Eu só queria viver dentro do que eu acreditava ser meu!
Eu só queria viver na fartura, que eu tinha, fartura de frutas, leite, queijos, verduras, trabalho e saúde.
Será que se a Shell não tivesse se instalado no nosso portão, nós estaríamos tendo que passar por tudo isso, além de termos toda nossa vida destruída e propriedade desvalorizada?
Existe, em Paulínia, algum lugar assemelhado ao meu? Numa rua sem saída, o que viabiliza um condomínio fechado, com segurança quase que total, pois nos trinta e poucos anos que vivi lá nunca precisei trancar uma porta ou janela para sair ou até viajar.
Se eu quiser comprar, em Paulínia, chácara de 4.000m², em local seguro, em rua sem saída, com rio no fundo do terreno, a 5 km do centro, com estrada de asfalto excelente (mais 250mts de estrada de terra), com todas as árvores frutíferas de idade e produção das minhas, ou mandar “fazer” o pomar que tenho, plantando árvores com a mesma idade e produção das minhas, para nós podermos repetir e continuarmos usufruir do que temos no bairro que a Shell destruiu, quanto vou ter que pagar? Vou encontrar outro local com as mesmas características, segurança e com a mesma PAZ?
Uma pessoa que tem 4000m² de terra, com casa sólida, pomar produzindo, que sabe tirar o sustento da terra, não tem medo e sabe de trabalhar, passa fome?
Tiraram nossa casa, nossa terra, nosso pomar, nosso trabalho, nosso equilíbrio emocional, nossa condição de progresso e sobrevivência, tiraram a possibilidade de um futuro digno, como foi o nosso passado, e temos que aceitar calados, senão somos humilhados, taxados, rotulados, pisoteados por uma Multinacional, que mais destruiu do que construiu em nosso país e pelo mundo todo?
Não quero saber de leis, quero saber de JUSTIÇA.

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