terça-feira, 16 de junho de 2009

 

CRIME SHELL

Crime ambiental
Antônio de Marco Rasteiro,
coordenador da comissão de ex-trabalhadores, é um dos contaminados:
“Tenho dificuldade de coordenação, pressão alta, perda de memória, perda auditiva”.
Rasteiro faz parte de um grupo de ex-trabalhadores que entraram com ações individuais na
Justiça e foram beneficiados por uma ação cautelar que obriga a Shell a pagar a ele, mensalmen-
te, R$ 600 para custear despesas médicas. “É preciso que seja feita uma avaliação real do esta-
do de saúde dos trabalhadores.
É só isso o que queremos, que se façam os exames necessários para ver quem realmente está doente”, diz ele.
Arlei Medeiros, diretor de saúde do sindicato dos químicos, afirma que a Shell nunca demonstrou intenção de dialogar sobre o assunto.
Segundo ele, a Shell afronta a sociedade ao optar pelo caminho de desqualificar a
posição dos trabalhadores.
Arlei diz que a empresa cometeu um crime ambiental por não usar os padrões adequados de
prevenção.
Osvaldo Bezerra, do Diesat e da Confederação dos Químicos, diz que o problema,
em grande medida, é decorrente do modelo de desenvolvimento implantado no
Brasil na época em que a Shell instalou suas unidades: “Não havia uma legislação rígida e a
empresa foi negligente, pois em suas unidades em outros países
ela detinha a tecnologia necessária para evitar esse desastre”.
Se as graves acusações contra a empresa forem comprovadas, reparar o dano
será não apenas uma questão de justiça para com as vítimas,
como também um compromisso de responsabilidade social
que precisa ser assumido com esta e com as próximas gerações.

GLOSSÁRIO
Benzeno e tolueno:
solventes amplamente
usados na indústria
química e petroquímica.
No caso da exposição
crônica podem causar
leucemia (câncer no
sangue).
Organoclorados:
compostos orgânicos
usados como veneno e
que contêm cloro. Por se
acumularem no
ambiente, são de uso
restrito ou proibido em
mais de 120 países.
Drins:
proibidos em
quase todo o mundo,
pertencem ao grupo de
poluentes POPs
(Poluentes Orgânicos
Persistentes). São
regulados
internacionalmente pela
Convenção de Basel,
que regulamenta o lixo
tóxico.
Tireóide:
glândula
situada na região do
pescoço e que apresenta
importante papel na
formação, renovação e
desenvolvimento das
células

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Procurada para dar sua versão sobre o caso, a
assessoria de comunicação da Shell enviou uma
nota ao Observatório Social. Os principais
argumentos da empresa são os seguintes:

Em Audiência Pública da Comissão de Seguridade e Família da Câmara dos
Deputados Federais, foi esclarecido que a empresa contratou clínica especializada em
saúde do trabalhador e toxicologia ocupacional, dirigida pelo Prof. René Mendes.
Já foram realizadas mais de 2 mil consultas para essas
pessoas, tendo em vista que, quando necessário, a clínica permanece acompanhando
os ex-trabalhadores avaliados, do ponto de vista médico, visando a aprofundar o diagnóstico e orientar as devidas condutas.
Importante ressaltar que essa quantidade de ex- trabalhadores que já foi atendida equivale a aproximadamente o mesmo número de pessoas que lá trabalhava na época do fechamento da fábrica. Corresponde também a mais de 25%
do total dos que trabalharam naquela unidade durante os últimos 17 anos.
As avaliações de saúde permanecem abertas para os ex-trabalhadores que atuaram naquela fábrica.
A clínica especializada do Prof. René Mendes foi contratada pela Shell para que a
condução das avaliações fosse isenta, imparcial e qualificada. A clínica, que conta também com a colaboração da médica toxicologista Dra. Fernanda Livani - atua com a retaguarda de 30 especialistas em várias áreas da medicina,tanto em Campinas quanto em São Paulo, e do conceituado laboratório Fleury para as análises
clínicas


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Durante duas décadas (70 e 80) a Shell Química, localizada em Paulínia (SP), contaminou não só a área em que estava instalada e seus trabalhadores, mas também a região vizinha, com substâncias altamente tóxicas utilizadas na fabricação de venenos agrícolas, entre elas os organoclorados aldrin, dieldrin e endrin.
Já em 1970, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos havia solicitado a suspensão e o cancelamento de todas essas substâncias.
O pedido foi recusado em virtude de recurso interposto pela Shell.
Essas substâncias são mais tóxicas que o DDT,
pois não se degradam, contaminando suprimentos alimentares e se acumulando nos corpos humanos e animais.

Na década de 90, a Conferência de Estocolmo condenou 12 desses produtos a serem eliminados do planeta, por sua toxicidade e persistência no meio ambiente.
Dessas 12 substâncias, quatro eram manuseadas pelos trabalhado-
res da Shell na fábrica de Paulínia.
Exames de laboratório realizados pela Prefeitura de Paulínia constataram a intoxicação dos trabalhadores.
Um deles, ex-líder de produção da empresa, apresentava problemas hepáticos, perda de parte da audição e olfato e fissuras na tiróide.
Antes de contaminar o meio ambiente, esses produtos contaminaram o ambiente de trabalho e os trabalhadores.
O descaso com a segurança e saúde do trabalhador levou a contaminação para fora da fábrica, atingindo propriedades agrícolas,
animais e pessoas das vizinhanças.
O caso da Shell Química, em Paulínia, é um exemplo claro de que não se pode mais abordar a questão do meio ambiente sem que se aborde também o meio ambiente de trabalho.
A preservação ambiental passa necessariamente por processos sustentáveis de trabalho.
Norteados por essa visão do processo, na última reunião do Conselho curador da Fundacentro, propusemos - e tivemos acolhida nossa proposta – a inserção da questão do meio ambiente nos estatutos da entidade, como mais uma de nossas atribuições.
Nossa intenção é colocar todo o know-how adquirido pela Fundacentro nos
ambientes de trabalho, durante quase quatro décadas de pesquisa, como mais uma ferramenta a serviço do desenvolvimento sustentável do País.

Doenças graves
A fábrica da Shell foiinstalada no local em 1977. Em1995, a unidade foi vendida
para a Cyanamid Química do Brasil.
Ao tomar posse da Fábrica, uma das primeiras medidas da Cyanamid foi
fornecer água mineral aos trabalhadores, na tentativa de
reduzir os riscos de intoxicação. A empresa estava certa: em 2000, amostras
coletadas pela Cetesb,analisadas pelo Instituto Adolfo
Lutz, comprovaram a contaminação da água dos
poços com níveis até 11 vezes acima do permitido pela
legislação brasileira.
Em 2000, a fábrica foi vendida para acorporação alemã Basf, que no
local produz veneno para uso na agricultura.
Dos 844 trabalhadores da antiga unidade da Shell, cerca de 200
permanecem trabalhando na mesma fábrica.
fonte:-
http://www.observatoriosocial.org.br/

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