quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

 

PRESENTES DA SHELL PARA MINHA FAMÍLIA


GLOSSÁRIO
Benzeno e tolueno:
solventes amplamente usados na indústria química e petroquímica.
No caso da exposição crônica podem causarleucemia (câncer no sangue).
Organoclorados:
compostos orgânicos usados como veneno e que contêm cloro.
Por se acumularem no ambiente, são de uso restrito ou proibido em
mais de 120 países.
Drins:
proibidos em quase todo o mundo, pertencem ao grupo de poluentes POPs
(Poluentes Orgânicos Persistentes).
São regulados internacionalmente pela Convenção de Basel, que regulamenta o lixo toxico


Shell
CRESCE A POLÊMICA SOBRE A
CONTAMINAÇÃO DE
TRABALHADORES
Muitos ex-funcionários da empresa no estado de São Paulo afirmam que
sofrem de doenças graves causadas pela manipulação de substâncias perigosas.
Acusada de negligência, a empresa admite apenas a contaminação ambiental.
O caso está na Justiça.
Um grupo de trabalhadores já foi beneficiado por ação cautelar, que obriga o
pagamento das despesas médicas.
Moradores das áreas afetadas também sofrem com o problema.
O segundo caso é o de Vila Carioca, no bairro paulistano do Ipiranga. Os
principais prejudicados são os moradores que vivem no entorno de um terminal de
distribuição de combustíveis.

Segundo apurou a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do

Estado de São Paulo (Cetesb), a empresa enterrou no local, sem
nenhuma proteção, resíduos da limpeza dos tanques de
gasolina, óleo diesel e pesticidas. O resultado é que o subsolo e as águas
subterrâneas e superficiais estão contaminados.
A Cetesb informa que no local existem metais pesados
como benzeno e tolueno, e organoclorados como aldrin,
dieldrin e isodrin – utilizados como venenos agrícolas —, cuja produção e uso estão proibidos

em quase todo o mundo

Uma grande contaminação causada por elementos químicos danosos à saúde, que afetou a
população de dois bairros e também funcionários da multinacional Shell, tornou-se
uma das maiores polêmicas ambientais registradas no Brasil
nos últimos anos.

O primeiro caso aconteceu em Paulínia, cidade localizada 118 quilômetros a
nordeste da cidade de São Paulo.
Muitos ex-funcionários da empresa relatam que sofrem de
doenças graves, por terem sido expostos a uma série de venenos
letais durante o exercício de suas atividades profissionais.

Essa contaminação, segundo lideranças sindicais, representantes de ex- trabalhadores, médicos e pesquisadores, ocorreu devido ao descaso da empresa em relação à
segurança dos trabalhadores, da população e do meio ambiente.
mundo, devido ao alto grau de toxidade e riscos ao meio
ambiente e à saúde.

“A Shell foi propositadamente negligente, pois tinha conhecimento das
conseqüências decorrentes da manipulação incorreta dessas substâncias”,

denuncia Osvaldo Bezerra, presidente do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho
(Diesat) e diretor de Saúde e Meio Ambiente da Confederação Nacional dos Químicos.
As denúncias, que começaram há dez anos, provocaram uma discussão jurídica que ainda se arrasta nos tribunais, principalmente no que diz respeito à contaminação dos
trabalhadores.

No caso de Vila Carioca, depois de uma série de provas terem sido apresentadas, a empresa
admitiu a contaminação por pesticidas tóxicos, reconheceu sua responsabilidade e se
comprometeu a descontaminar uma área de 180 mil metros quadrados até o final de 2003.
Em Paulínia, a empresa também admite a necessidade de recuperar o meio ambiente,
mas nega que os trabalhadores tenham sido gravemente contaminados.
“Dos 210 avaliados, nenhum teve até agora diagnóstico confirmado de doenças relacionadas ao
trabalho provocadas por atividade funcional da antiga fábrica da Shell Química em
Paulínia”, diz um documento da empresa distribuído pela assessoria de imprensa.
Apesar dessa versão, em uma audiência pública realizada na Câmara dos Deputados em junho de 2002, e também diante de uma série de evidências apresentadas pelos advogados do Sindicato dos Químicos Unificados, a Shell confirmou que alguns funcionários poderiam estar
doentes, mas não admitiu que seria devido à negligência da empresa.
“A Shell disse que os problemas não são graves e que tem um ambulatório à
disposição”, relata o coordenador da comissão de ex-trabalhadores da empresa,
Antônio de Marco Rasteiro.

A empresa realmente montou um ambulatório para atender os trabalhadores.

No entanto, segundo estudo do Observatório Social coordenado por Leila Nadim Zidan,

alguns ex-funcionários entrevistados disseram que os médicos desse ambulatório
evitam fazer qualquer correlação entre os problemas de saúde e as atividades da
empresa.

“Além disso, os ex- trabalhadores declararam que não recebiam informações de
seu prontuário médico nem relatórios sobre a sua saúde”.
Doenças graves
A fábrica da Shell foi instalada no local em 1977.

Em 1995, a unidade foi vendida para a Cyanamid Química do Brasil.

Ao tomar posse da fábrica, uma das primeiras medidas da Cyanamid foi fornecer água mineral aos trabalhadores, na tentativa de reduzir os riscos de intoxicação.

A empresa estava certa: em 2000, amostras
coletadas pela Cetesb, analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz, comprovaram a
contaminação da água dos poços com níveis até 11 vezes acima do permitido pela
legislação brasileira.

Em 2000, a fábrica foi vendida para a corporação alemã Basf, que no local produz veneno para uso na agricultura.

Dos 844 trabalhadores da antiga unidade da Shell, cerca de 200 permanecem trabalhando na
mesma fábrica.
Tenho dificuldade de coordenação, pressão alta, perda de memória e perda auditiva”.
Antônio de Marco Rasteiro,
ex-trabalhador da Shell.
Como a Shell não admitia a contaminação dos trabalhadores, apenas a poluição ambiental, e em
virtude de vários deles terem apresentado doenças graves e muito parecidas entre si, em
2001 foi criada uma comissão de ex-trabalhadores, coordenada pelo ex-funcionário Antônio de Marco Rasteiro.

“A versão da empresa não condiz com a realidade, pois os exames que ela apresenta para sustentar esse argumento estão incompletos”, afirma.
Essa posição fez com que a Comissão, apoiada pela regional de Campinas do Sindicato dos Químicos Unificados, entrasse na Justiça para obrigar a Shell a
realizar exames detalhados.
O Sindicato entrou com a ação em agosto de 2002 e não houve acordo na primeira
audiência.

A Justiça ainda não apresentou uma decisão final sobre o caso. O que acontece, na opinião do
médico Roberto Carlos Ruiz, contratado pelo Sindicato, é que os exames realizados
pela empresa são incompletos: “Os
trabalhadores estão adoecendo. Entendemos que a consultoria médica paga
pela Shell não é isenta e queremos a nomeação de uma junta médica pública que
não esteja ligada nem ao Sindicato e nem à empresa.
Queremos que a Justiça nomeie essa comissão”.
Um dos exames solicitados pelos trabalhadores – e que a empresa não quer
fazer – é a análise do tecido gorduroso, onde se acumulam os organoclorados a base de
drins (aldrin, eldrin, isodrin e dieldrin), que são altamente tóxicos.

“A situação é gravíssima”, diz Ruiz. “Os trabalhadores apresentam problemas de fígado, de
tireóide, dificuldade de coordenação”.

Uma pesquisa científica realizada por Ruiz em 11 ex-trabalhadores identificou que 78% deles estão contaminados com alterações de saúde que, no seu entender, são compatíveis
com exposição de produtos químicos de origem ocupacional.
O médico, contudo, reconhece as limitações do
estudo: “O universo total é de 800 trabalhadores. Fiz o que era possível dentro das
limitações econômicas.

A empresa precisa, agora, examinar o restante do pessoal”. Apenas um dos exames necessários, segundo ele, custa cerca de R$ 6 mil.
“Há uns 20 exames para fazer desse nível. E a empresa deve se responsabilizar por eles
porque os trabalhadores foram contaminados durante a atividade profissional”.
“A Shell foi negligente, pois tinha
conhecimento das conseqüências decorrentes da manipulação incorreta dessas substâncias”.
Osvaldo Bezerra, diretor de Saúde e Meio Ambiente da Confederação Nacional dos Químicos.
Crime ambiental
Antônio de Marco Rasteiro, coordenador da comissão de ex- trabalhadores, é um dos conta-
minados: “Tenho dificuldade de coordenação, pressão alta, per- da de memória, perda auditiva”. Rasteiro faz parte de um grupo de ex-trabalhadores que entra- ram com ações individuais na Justiça e foram beneficiados por uma ação cautelar que obriga a
Shell a pagar a ele, mensalmente, R$ 600 para custear despesas médicas.

“É preciso que seja feita uma avaliação real do esta- do de saúde dos trabalhadores.
É só isso o que queremos, que se façam os exames necessários para ver quem realmente está
doente”, diz ele.
Arlei Medeiros, diretor de saúde do sindicato dos químicos, afirma que a Shell
nunca demonstrou intenção de dialogar sobre o assunto.
Segundo ele, a Shell afronta a sociedade ao optar pelo caminho de desqualificar a
posição dos trabalhadores.

Arlei diz que a empresa cometeu um crime ambiental por não usar os padrões adequados de
prevenção.
Osvaldo Bezerra, do Diesat e da Confederação dos Químicos, diz que o problema,
em grande medida, é decorrente do modelo de desenvolvimento implantado no
Brasil na época em que a Shell instalou suas unidades: “Não
havia uma legislação rígida e empresa foi negligente, pois em suas unidades em outros países
ela detinha a tecnologia necessáriapara evitar esse desastre”.
Se as graves acusações contra a empresa forem
comprovadas, reparar o dano será não apenas uma questão de
justiça para com as vítimas,como também um compromisso
de responsabilidade social que precisa ser assumido
com esta e com as próxima geração.
Em Audiência Pública da Comissão de Seguridade e Família da Câmara dos Deputados Federais, foi esclarecido que a empresa contratou clínica especializada em
saúde do trabalhador e toxicologia ocupacional, dirigida pelo Prof. René Mendes.

Já foram realizadas mais de 2 mil consultas para essas pessoas, tendo em vista que, quando
necessário, a clínica permanece acompanhando os ex-trabalhadores avaliados, do ponto de vista
médico, visando a aprofundar o diagnóstico e orientar as devidas condutas.
Importante ressaltar que essa quantidade de ex- trabalhadores que já foi atendida equivale a
aproximadamente o mesmo número de pessoas que lá trabalhava na época do fechamento da
fábrica. Corresponde também a mais de 25% do total dos que trabalharam naquela unidade
durante os últimos 17 anos.
As avaliações de saúde permanecem abertas
para os ex-trabalhadores que atuaram naquela
fábrica.

A clínica especializada do Prof. René
Mendes foi contratada pela Shell para que a condução das avaliações fosse isenta, imparcial
e qualificada.

A clínica, que conta também com a colaboração da médica toxicologista Dra. Fernanda Livani - atua com a retaguarda de 30 especialistas em várias áreas da medicina,
tanto em Campinas quanto em São Paulo, e do conceituado laboratório Fleury para as análises
clínicas.
Procurada para dar sua versão sobre o caso, a
assessoria de comunicação da Shell enviou uma
nota ao Observatório Social. Os principais
argumentos da empresa são os seguintes:


Em Audiência Pública da Comissão deSeguridade e Família da Câmara dos
Deputados Federais, foi esclarecido que a empresa contratou clínica especializada em
saúde do trabalhador e toxicologia ocupacional,
dirigida pelo Prof. René Mendes.

Já foramrealizadas mais de 2 mil consultas para essaspessoas, tendo em vista que, quando
necessário, a clínica permanece acompanhando os ex-trabalhadores avaliados, do ponto de vista
médico, visando a aprofundar o diagnóstico e orientar as devidas condutas.
Importante ressaltar que essa quantidade de ex-trabalhadores que já foi atendida equivale a
aproximadamente o mesmo número de pessoasque lá trabalhava na época do fechamento da
fábrica. Corresponde também a mais de 25%do total dos que trabalharam naquela unidade
durante os últimos 17 anos.
As avaliações de saúde permanecem abertas para os ex-trabalhadores que atuaram naquela
fábrica.

A clínica especializada do Prof. René Mendes foi contratada pela Shell para que a
condução das avaliações fosse isenta, imparciale qualificada. A clínica, que conta também com
a colaboração da médica toxicologista Dra.
Fernanda Livani - atua com a retaguarda de 30
especialistas em várias áreas da medicina,
tanto em Campinas quanto em São Paulo, e do
conceituado laboratório Fleury para as análises clínicas


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