quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

 
Antonio de Padua Mello, ex- morador do bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia/SP(FOTO:LEANDRO FERREIRA/AAN

Fique por Dentro
12 de dezembro de 2007
Caso Shell: câncer já fez 15 vítimas
Número de casos da doença entre ex-moradores do bairro Recanto dos Pássaros supera em 37 vezes a média paulista

Marcelo Andriotti

DA AGÊNCIA ANHANGÜERA

marcelo.andriotti@rac.com.br


Uma das principais estratégias de defesa das empresas que provocaram contaminações na região de Campinas é admitir que solo, subsolo e lençol freático foram afetados por substâncias químicas, mas ao mesmo tempo contestar a relação delas com doenças que tenham surgido ou possam se manifestar em ex-trabalhadores e moradores de áreas atingidas. Mas há evidências que comprovam haver uma relação de direta da contaminação com doenças.

De um grupo de 130 ex-moradores do bairro Recanto dos Pássaros, contaminado pela Shell em Paulínia, há 15 casos de pessoas que morreram por causa de câncer ou estão com a doença segundo levantamento feito para a quarta reportagem da série do Correio sobre contaminação.
O levantamento foi feito pelo ex-morador Antônio de Pádua Mello, que afirma ter sido constatado nas pessoas que passaram por exames até sete diferentes produtos que contaminaram a região onde moravam.

Essa estatística significa uma média de 11,5 casos de câncer a cada 100 pessoas. “Não é normal ocorrer tantos casos. É claro que alguma coisa errada havia na fábrica”, disse Mello.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a média prevista no Estado de São Paulo é de 327 para cada 100 mil homens e 306 para cada 100 mil mulheres.
Isso dá uma média de 0,32 caso a cada 100 em para homens e 0,3 em cada 100 na população feminina.
Ou seja, entre os moradores do Recanto dos Pássaros a média é 37 vezes maior.
Uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) está pedindo que a Shell e Basf paguem uma indenização de R$ 620 milhões para custear equipamentos e laboratórios para atendimento das vítimas como forma de ressarcir os gasto do Sistema Único de Saúde (SUS) com o tratamento de ex-funcionários e ex-moradores do Recanto dos Pássaros.
No pedido de tutela antecipada,
a Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região também pede que as empresas sejam obrigadas a contratar um plano de saúde vitalício, com ampla cobertura,
para todos os trabalhadores expostos aos riscos de contaminação,
incluindo-se aqueles que desempenhavam suas atividades no Recanto dos Pássaros.
Uma primeira audiência foi realizada em maio, mas as empresas recorreram e conseguiram adiar a decisão da Justiça.

O caso continua sendo avaliado e outras audiências serão realizadas.
A Procuradoria do Trabalho apresenta os resultados de exames para sustentar sua reivindicação.
Avaliações na população realizadas em 2001 indicaram que 156 pessoas — 86% dos moradores do bairro —, apresentavam pelo menos um tipo de resíduo tóxico no organismo.

Desses, 88 apresentam intoxicação crônica, 59 tinham tumores hepáticos e da tireóide e 72 estavam contaminados por drins.

Das 50 crianças avaliadas, que na época tinham até 15 anos, 27 manifestavam um quadro de contaminação crônica.
Paulo Souza, ex-morador do bairro e atual secretário de
Defesa e Desenvolvimento do Meio Ambiente de Paulínia
disse que antes de serem notificados do problema da contaminação, começaram a perceber que havia algo errado. “Eu colocava cloro na minha piscina e a água ficava preta.
Depois apareceu gente da empresa dizendo para não comermos o que era produzido nas chácaras e não beber a água.
Mesmo assim, eles não admitem que a gente estava sendo contaminado”, afirma.
O NÚMERO
620 MILHÕES DE REAIS É o valor da indenização pedido pelo Ministério Público do Trabalho para a Shell e Basf custearem tratamentos de saúde.


Plano inédito monitora Mansões de Sto. Antônio


Trabalho é desenvolvido pelo Ministério da Saúde junto com a Prefeitura de Campinas
Um trabalho pioneiro está sendo desenvolvido por meio de uma parceria Ministério da Saúde com a Prefeitura de Campinas diretamente com a população exposta à contaminação ambiental do loteamento Mansões Santo Antônio. A área foi contaminada por produtos químicos da fábrica Proquima, que funcionou no local de 1973 a 1996.
Segundo Janete de Prado Alves Navarro, sanitarista e coordenadora da Vigilância de Saúde Ambiental de Campinas, o projeto está sendo implantado desde o ano passado e pretende criar procedimentos para tratar casos de contaminação em todo o País.
“Estamos definindo quais são as competências de cada órgão envolvido, identificando as pessoas que moram ou trabalharam na área, capacitando profissionais sobre como comunicar a população nesses casos sem criar pânico ou prejudicar os contaminados e criando um protocolo de acompanhamento”, disse.
Esse protocolo define quais os contaminantes identificados que podem causar problemas à saúde, o que fazer para acompanhar as pessoas afetadas, quais exames elas devem fazer, a cada quanto tempo devem ser avaliadas e o que é necessário para garantir tratamento.
“Muitas doenças podem se manifestar só dentro de 15 ou 20 anos. Por isso, estamos discutindo a gestão da saúde, como melhorar a capacidade de atendimento, os exames e equipamentos para tratar esses casos”, afirma. Até pedidos de verbas para garantir esse atendimento estão sendo feito agora ao governo federal.
O método de investigação que avalia o histórico da ocorrência e as implicações na saúde tem como base a metodologia norte-americana da Agency for Toxic Substances and Disease Registry (ATSDR), que dimensiona o risco e controla a exposição humana aos contaminantes ambientais.
O objetivo do governo federal ao desenvolver esse programa em Campinas é estabelecer um protocolo brasileiro de investigação de áreas contaminadas por produtos químicos e das populações expostas. Além da área das Mansões Santo Antônio, outras quatro áreas localizadas em diferentes cidades brasileiras estão incluídas no projeto piloto.
Um dos maiores desafios encontrados pelo grupo em Campinas é a forma de abordagem com a população afetada e a identificação de seus interesses e temores. No caso do Mansões, o primeiro temor dos moradores foi com a perda financeira por causa da desvalorização dos imóveis. Muitos ex-trabalhadores contaminados na construção também têm problemas para conseguir empregos depois que o caso virou público.
Essa resistência é comum em casos de contaminação. Paulo Souza, que foi um dos primeiros a denunciar o caso de contaminação no Recanto dos Pássaros, em Paulínia, diz que no início enfrentou a revolta dos caseiros que temiam perder seus empregos nas chácaras. Mas depois que diversos trabalhadores começaram a morrer jovens, eles perceberam a gravidade do caso.

Comments:
ola, tenho um filho de 5 anos, ele esta no hospital de paulinia com mistura de fezes e agua na barriga, sera q isto esta relacionado nestas situacoes acometidas em seus prospecto? please me passe um contato, estou em sao paulo e amanha cedo estarei indo rpa paulinia para ver meu filho, meu nome eh luiz carlos meu fone em sao paulo eh 11 20265149, em paulinia eh 19 3933 3833 la procurar tatina mae do angello, grato e fico no aguardo...
 
não entendi, luiz carlos!!!!
é piadinha?????
ou vc. não explicou direito...
ou eu sou burra demais????
desculpe...
 

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