terça-feira, 12 de junho de 2007

 

...enquanto isso o kassab.....

...esse procedimento, abaixo, me lembra não sei o que!!!!!
ciomara.


Essa é para quem conhece a cidade de São Paulo. Prá variá as Globos, as Vejas, os Estadões estão caladinhos pois os da tchurma deles vão ganhá uma grana preta com o novo centro de sampa inventado pela tchurma do Serra e Kassab. Imaginem o escândalo se fosse o Vavá. . .Curioso, né?
arthur
fonte: www.nominimo.com.br
Xico Sá
Era uma vez um cachimbo bilionário

Cracolândia, SP, começo da noite quente de sábado, seu João S., dono de um dos 82 pequenos hotéis lacrados pela prefeitura na área –trancado com aquele muro que o prefeito Kassab tem construído na frente dos imóveis e comércios ditos irregulares-, aponta meu amassado caderninho de cronista andarilho e diz: "Anota aí, rapaz: se eles acham que vão tirar minha propriedade à força, como têm dito no rádio, na tevê e nos jornais, estão perdidos, ou pagam preço que justifique a violência de nos arrancar daqui ou não saio nem com as escavadeiras da Odebrecht quebrando as minhas costelas".

Ele acha boa a frase e ri, riso seguido de tosse, tosse de quem fuma, voz de goela arranhada por mudanças de temperatura e cervejas demasiadamente geladas. Seu João, vizinho à Estação da Luz, cita a empreiteira porque, mesmo antes de ter o seu hotel lacrado sob a desculpa de falta de segurança para os hóspedes de altíssima rotatividade e sacoleiros em viagem, já havia sido alvo de assédio de representantes da Odebrecht com interesse em comprar o imóvel. Sentiu que poderia ser vítima de uma cadeia especulativa que avança sobre os 23 quarteirões do bairro, cerca de 200 metros quadrados, que fazem parte do projeto de desapropriação da prefeitura.

Seu João se chama João, como Garrincha batizava todos os seus bobos marcadores, mas de besta não tem nada. "O que eu achei mais impressionante é que mal a prefeitura lacrou, já chegaram os rapazes querendo comprar a preço de banana, chegaram aqui esbaforidos", relata a mera coincidência noveleira, coisa que nos jornais sai sob a bela vinheta "revitalização do centro". Melhor seria: revitalização permanente dos cofres das empreiteiras e dos bolsos de alguns políticos e principalmente das eminências pardas.

Com 300 policiais, base fixa da PM, 500 guardas municipais e montagem de infra-estrutura nunca vista, a prefeitura e o governo estão fazendo a limpa para tornar mais atrativo e barato o negócio que já tem, além da Odebrecht que tentou comprar o hotel do seu João e vários outros, um consórcio de nome Company também na jogada, este liderado pela Secovi, o sindicato das empresas de habitação de São Paulo, em conjunto com outra empreiteira, a Gafisa. O grupo contratou um nome de grife para falar na mídia e angariar simpatias: o arquiteto Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba. Hoje em dia é assim, além de muita grana, você tem que ter um nome de respaldo para enganar os bestas.

Como contam os Joões proprietários da área, depois de recusar ofertas das empreiteiras, vem sempre a coincidência: a mureta do Kassab. "Alegam falta de alvará, falta de extintor de incêndio, falta de corredor para rota de fuga… Se você quiser lacrar qualquer estabelecimento, mesmo uma butique dos Jardins, você sempre vai encontrar um detalhe e fechar", diz Francisco Borba, dono de um boteco lacrado na vizinhança do Museu da Língua Portuguesa, outra chamada âncora cultural atrativa da área, que tem também a Pinacoteca. "Só que o motivo do fechamento aqui já sabemos, é tentar comprar barato os nossos imóveis, mas não vamos cair no conto da prefeitura e das empreiteiras, vai sair caro a conversinha aqui, pode escrever ai no seu caderno".

A desconfiança geral é que as construtoras envolvidas no negócio começaram a tentar comprar tudo que é espelunca do traçado para revender mais caro à prefeitura. Só tem bobo na jogada! Assim eu também quero!Quando enfrentam dificuldades para a compra, vem a turma do Kassab e lacra. Psiu! A turma, aliás, do Andrea Matarazzo, o supersecretário do município que planejou toda essa história, chega de atribuir ao alcaide 100% das operações que envolvem grana capaz de encher as burras dos bacanas da praça para o resto da vida. É, amigo, enquanto isso você aí se matando em mais uma segunda!

Por trás do negócio bilionário -calcula-se um ganho imediato de pelo menos R$ 2 bilhões para o conjunto das empresas que assentarem praça no bairro-, demoniza-se como símbolo da degradação o cachimbo do crack. Não foi à toa que o prefeito posou para câmeras de tevês, jornais e portais de Internet na semana passada com um desses instrumentos na mão. Os maketeiros, mesmo os mais burros, manjam do poder dos símbolos e vivem dopados com essa fumaça da grana.

Infelizmente não há o mínimo cuidado com os zumbis miseráveis que se acabam na pedra, estes simplesmente são enxotados para lugares que ainda não fazem parte da bilionária disputa imobiliária, o cemitério, a zumbilândia de sempre, enquanto Kassab decreta: "A Cracolândia não existe".

O bairro do crack, além de ser um lugar mais que vivo neste sítio, está apenas viajando, como uma nuvem de gente sem importância, para alguns quarteirões adiante, como testemunhei na noite de sábado. "Tio, novrungg, tio, noiadex, vrute", é mais ou menos isso o que consegue me dizer, como um Guimarães Rosa chapado –ali no museu da língua, ao lado, o nonada é mais compreensível-, o pivete morrendo de rir sob nuvem azulada do crack. "Tio, arahãn…" Ainda ouvi alguns sons que pareciam saídos dos livros dos Joyces, Grombovics e dos gangsters de Genichiros…

Miro a chamada Cracolândia, ali no meio dos melhores sambões festivos da cidade no início da noite de sábado, e vejo uma triste e nova avenida Berrini com suas torres sem habitantes e sem graça, ali fazendo sombra nas Águas Espraiadas, as águas que levaram milhões na enchente malufista de uma operação urbana bem parecida com esta nada modesta "revitalização do centro", como nos alerta a arquiteta e urbanista Mariana Fix, no seu belo livro "São Paulo Cidade Global –fundamentos financeiros de uma miragem" (editora Boitempo), uma bíblia para se pensar os destinos e as mutretas que se planejam em nome de uma nova aldeia de Piratininga.


Publicado por Xico Sá - 10/06/07 11:57 PM



vou diversificar um pouco meu blog. continuarei falando de mim e da Shell, porém, farei/colocarei alguns comentários e notícias interessantes, que não saem nos jornais...
pretendo voltar ainda hoje com outras novidades.
talvez eu faça um novo blog intitulado
"O QUE A MÍDIA NÃO CONTA."
...

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