segunda-feira, 7 de maio de 2007

 
eu não tinha lido essa "reportagem" ainda, achei hoje e por isso resolvi colocar aqui.
CASO SHELL
31/03/2001
Segundo Ministério Público, 200 moradores de bairro de Paulínia (SP) correm risco devido à contaminação do local
Promotor quer esvaziar área contaminada
ANA PAULA MARGARIDO - RAQUEL LIMA - DA FOLHA CAMPINAS
O Ministério Público de Paulínia (126km de São Pauto) pediu ontem que todos os 200 moradores do bairro Recanto dos Pássaros, área contaminada por pesticidas da Shell Brasil, deixem suas casas imediatamente. O pedido foi feito com base em informações sigilosas obtidas pela promotoria e que só deverão ser divulgadas na segunda-feira.
Os moradores do Recanto dos Pássaros apresentaram ao promotor Gilberto Porto Camargo um ex-funcionário da multinacional que denuncia falhas no processo de estocagem de cinzas tóxicas, manipulação de metais pesados e falha na incineração de produtos tóxicos, As famílias afirmam não ter para onde ir. Em uma reunião às portas fechadas, na Prefeitura de Paulínia, o promotor, membros da Secretaria Municipal de Vigilância à Saúde e a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) decidiam para onde levar as famílias ontem. Até o fechamento desta edição, a reunião não havia terminado.
“Não sei o que fazer. Todos os meus parentes já moram de aluguel”, disse o morador do local Clóvis Rodrigues Bueno, 38.
Durante todo o dia de ontem, membros do Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente de São Paulo) gravaram depoimentos dos moradores supostamente contaminados, O material será enviado a OMS (Organização Mundial da Saúde) e vai servir como subsidio para que seja suspensa a produção de “drins” (pesticidas) no continente africano.
Em 1995, a Shell protocolou autodenúncta no Ministério Público de que havia contaminado o solo e o lençol freático com “drins”. Aldrin, Eldrin, Dieldrin, defensivos usados para matar formigas e cupins em lavouras, são potencialmente cancerígenos, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
Exames constataram a presença de metais pesados no organismo de três moradores, Os metais encontrados foram arsênico, alumínio, níquel, berílio e chumbo.
A presença de metais pesados na água e no solo foi confirmada pelo laudo da empresa holandesa, Haskoning - contratada pela multinacional do petróleo para fazer a avaliação de risco na arca.
O laudo da Haskoning também detectou a presença de óleo mineral no lençol freático próximo às chácaras. De acordo com o documento, “nos casos em que na área residencial a água subterrânea era utilizada para beber, há de fato riscos para adultos e crianças, com base na elevada concentração de óleo mineral na água subterrânea”. O conselheiro do Consema, Carlos Bocuhy, criticou ontem a omissão da Cetesb na fiscalização da empresa. Para ele, a Cetesb deveria ter multado a Shell, quando verificou irregularidades.
A Cetesb nega a omissão. A Shell informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não havia sido notifica pelo Ministério Público da saída dos ex-funcionários da área.
O setor de epidemiologia do DMP (Departamento de Medicina Preventiva) da USP (Universidade de São Paulo) vai ajudar a Vigilância Sanitária de Paulínia na análise dos dados na região do Recanto dos Pássaros. A médica do DMP que trabalhará nas análises, Joya Emilie Meneses Correa, disse ontem que o acordo firmado entre o Ministério Público, a Shell é o município de Paulínia é que a Vigilância Sanitária fará as coletas do material e o setor de epidemiologia da universidade fará as análises.
“O levantamento epidemiológico será feito em Paulínia e nós faremos as análises.” Joya afirmou que os resultados das análises deverão sair em dois ou três meses.
Karen Suassuna, responsável do Greenpeace de São Paulo para o caso Shell, disse ontem que a primeira medida do grupo foi pedir aos órgãos públicos responsáveis que apurem qual é a origem dos metais pesados encontrados no local. “Precisamos saber se existiu manipulação de metais pesados dentro da antiga unidade da Shell e qual é a origem do material, afinal existem muitas plantas industriais na região.”
A organização se reunirá na próxima semana com a promotoria para verificar como anda o acordo para a descontaminação do local, que ainda não foi assinado. Para Karen, independentemente de haver moradores no local, deve ser feita a descontaminação total da área.
Colaborou Ademar Martins Peneira, da Folha Campinas
Ex-funcionário denuncia problemas
DA FOLHA CAMPINAS
O ex-funcionário da divisão química da Shell Brasil, que pediu para ser identificado apenas como M., 53, denunciou, ontem, falhas no processo de estocagem de produtos químicos e cinzas tóxicas e na queima de materiais tóxicos em duas unidades da empresa multinacional.
M., que trabalhou na área de síntese de organo-fosforados, disse que as cinzas tóxicas eram enterradas no solo, sem nenhum critério técnico.
As cinzas eram produzidas por meio da queima de restos de produtos químicos, entre eles os drins, produzidos pela Shell. De acordo com M , alem dos materiais químicos da própria empresa, os dois fomos da Shell recebiam resíduos sólidos de outras empresas de Paulínia.
O ex-funcionário afirmou que tambores vazios, porém impregnados com produtos químicos da família dos clorados, eram estocados ao ar livre.
“Quando chovia, o material residual desses tambores era lavado pela água das chuvas. Os produtos químicos eram transferidos para o solo”, disse M.
De acordo com o ex-funcionário, havia tambores contaminados espalhados por toda a extensão da fábrica. “Os tambores não tinham revestimento específico.”
Segundo ele, sem o revestimento, os tambores enterrados poderiam ser corroídos pela química das cinzas. M. disse que os ex - funcionário, cerca de 200, estão preocupados com a saúde. Eles vão se reunir, por meio do Sindicato dos Químicos de Campinas e Região, para formar uma comissão para defender os direitos dos funcionários. “Vamos exigir que a Shell realize exames médicos em todos.”
Após ter trabalhado na Shell, M. foi funcionário da Cyanamid, empresa que comprou parte da tecnologia da Shell, até ser demitido. Ele conseguiu aposentadoria especial por trabalhar mais de 20 anos com produtos insalubres.
OUTRO LADO
Empresa afirma que sé falará do pedido de evasão após ser notificada
DA FOLHA CAMPINAS
A Shell Brasil informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que não havia sido notificada oficialmente do pedido do Ministério Publico e que, por isso, não poderia se manifestar sobre a evasão da área.
A empresa não comentou as denúncias feitas pelo ex - funcionário de falhas no processo de estocagem de cinzas tóxicas, manipulação de metais pesados e falha na incineração de produtos tóxicos.
A vice-presidente da divisão química da Shell, Maria Lúcia Pinheiro, disse anteontem à Folha que a unidade de Paulínia nunca manipulou ou produziu metais pesados. Ela disse que a empresa vai apresentar ao Ministério Público urna relação de todos os produtos que foram produzidos e manipulados pela unidade de Shell no interior paulista.
O assistente executivo da divido de controle de poluição da Cetesb de São Paulo, Geraldo Amaral, negou ontem que a companhia tenha se omitido no caso da contaminação da área Recanto dos Pássaros.
Segundo ele, não cabe nenhuma multa a Shell. “Há uma autodenúncia mas não há identificação da forma e período em que houve a contaminação. Sem isso não há como aplicar a multa”, disse.
Remapeamento
A SheIl começou ontem a remapear a área contaminada por pesticidas para propor um plano de recuperação ambiental.
Fonte: Folha de São Paulo / SP 31/03/2001
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Já estamos em 2007!!!
e nada foi resolvido, não existe nada de concreto, pelo menos para nós, moradores e trabalhadores, vítimas REAIS da contaminação.
... E O PIOR É QUE REPRESENTANTES DA SHELL, CONTINUAM AFIRMANDO QUE NÃO ERA PRECISO REMOVER NINGUÉM DE LÁ!
...um dia, me disseram, que era só não beber a água de lá, nem consumir nada de lá que não tinha problema!!!!!
...???????????????...
gozado, né?
se não tem nada, então, por que isso?
... e como posso ter uma chácara e não poder consumir nada dela???
...então eu tinha e não tinha, não é???

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