segunda-feira, 23 de outubro de 2006

 

TÚNEL DO TEMPO

TÚNEL DO TEMPO
29/6/2004............
Assessoria de Comunicação e Imprensa - UNICAMP

Após multa, Shell inicia barreira de contenção (Correio Popular - Cidades - 29/6/2004)
Obra para impedir contaminação do Rio Atibaia por pesticidas na região do bairro Recanto dos Pássaros começa hoje com atraso de três meses
Diego Zanchetta
Da Agência Anhangüera diego@rac.com.br
Com atraso de três meses e após ser multada, a Shell Química do Brasil inicia hoje a construção da barreira hidráulica prevista para descontaminar o lençol freático que passa pelo Bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia. A obra, orçada em R$ 3 milhões, deveria estar em funcionamento desde março deste ano na área atingida por pesticidas utilizados na produção de defensivos agrícolas. Devido ao atraso na construção da barreira, a Shell foi multada na semana passada pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) em R$ 12,4 mil, valor que será aplicado diariamente até a instalação da barreira.
A obra vai impedir que as águas subterrâneas contaminadas por pesticidas da Shell cheguem ao Rio Atibaia, manancial responsável por abastecer 13,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo e em 62 municípios do Interior. O Atibaia passa a cerca de 300 metros do Recanto dos Pássaros, onde não há mais famílias morando nas 55 chácaras desde o início de 2003. Paralelo à barreira que será construída, a Secretaria de Meio Ambiente de Paulínia informou que vai monitorar a qualidade das águas do Atibaia próximo à área contaminada.
A Shell argumenta que o atraso na construção da barreira hidráulica ocorreu devido à demora na concessão de licenças ambientais necessárias para o início da obra. A última licença obrigatória foi obtida pela Shell no dia 25 de maio deste ano junto ao Departamento de Proteção aos Recursos Naturais (DPRN), informou a assessoria de imprensa da empresa. Nos últimos dois meses, a Shell promoveu a terraplanagem no terreno onde será construída a barreira, além de ter encomendado estudos sobre a eficiência do projeto preparados por professores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Para atender às determinações da Cetesb, nas próximas semanas a Shell também deve iniciar a remoção de 900 toneladas de terras do Recanto dos Pássaros como forma de evitar a presença de pesticidas no solo do bairro. A empresa informou que a intenção é promover o reflorestamento da área após a barreira hidráulica entrar em operação. “Vamos acompanhar de perto todas as etapas do trabalho destinado a promover a descontaminação do bairro. Infelizmente, a construção da barreira demorou mais que o esperado por causa da dificuldade na obtenção de licenças ambientais para o início das obras”, disse o diretor da Secretaria de Meio Ambiente de Paulínia, Ricardo Ferro.
Além da barreira hidráulica, a Shell informou que vai construir no Recanto dos Pássaros uma estação de tratamento para encaminhar as águas do lençol freático contaminado. A empresa, contudo, não informou se vai recorrer da multa aplicada pela Cetesb pelo atraso na construção da barreira.
Moradores
O início da descontaminação no Recanto dos Pássaros não significa, entretanto, o fim da batalha jurídica entre os antigos moradores e a Shell. Setenta pessoas que residiam no bairro até 2002 movem ações contra a empresa, cujo valor de indenização chega a R$ 700 mil cada. As ações alegam que laudos emitidos pelo toxicologista Igor Vassilieff encomendados pela Prefeitura de Paulínia apontam riscos na saúde dos antigos moradores devido à permanência no bairro contaminado. O trâmite jurídico dessas ações, porém, pode demorar até dez anos e a Shell informou que pretende recorrer se for acionada pela Justiça. Das 55 chácaras do bairro, 53 foram compradas pela empresa.

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