segunda-feira, 26 de junho de 2006

 

caso shell na Nigéria


SOBRE LA SHELL EN AFRICA
De Eduardo Galeano

O caso Shell na Nigéria

Desde que a Shell começou em 1958 a extração de petróleo no Delta do Níger, Nigéria, ela tem causado problemas ambientais no território do povo Ogoni. 14 por cento do óleo explorado no mundo todo pela companhia vem da Nigéria e 40 por cento de seus vazamentos de óleo entre 1976 e 1991 ocorreram no mesmo país01. Foi lá que ocorreram 2.976 vazamentos de óleo entre esses anos03. Apenas na década de 70, os vazamentos totalizaram mais de quatro vezes a tragédia de Exxon Valdez04. É assim que a Shell tem contaminado as áreas cultivadas e as fontes de água, além de liberar gases a poucos metros da vila do povo Ogoni.
A Shell promove assim a chuva ácida, a mortandade em massa de peixes e o sofrimento dessas pessoas em virtude de vários problemas de saúde causados da poluição da água e do ar. Uma pesquisa curta do Banco Mundial encontrou níveis na água de poluição por hidrocarbonetos mais de 60 vezes o limite dos Estados Unidos05 e um projeto de recursos subterrâneos de 1997 encontrou nas fontes de água de uma vila Oboni níveis atribuídos à Shell 360 vezes acima do permitido na Comunidade Européia06. O médico Owens Wiwa observou níveis maiores de certas doenças na população local, entre as quais estão asma brônquica, outras doenças respiratórias, gastroenterite e câncer, novamente tudo como resultado da área da indústria do óleo07. Ao clamar por justiça ambiental, as forças militares nigerianas têm usado a tática do terror como forma de intimidar e de fazer cessar as demandas ambientais. Desde que essa Força-Tarefa iniciou suas atividades, ela tem sido apontada como culpada pela morte de mais de dois mil ogonis e pela destruição de 27 vilas. Nove líderes pacifistas foram enforcados após julgamentos em cortes militares, sendo que duas testemunhas que os acusaram admitiram que a empresa e os militares os subornaram com promessa de dinheiro e empregos na Shell em troca do seus testemunhos. A Shell admitiu ter pago aos militares da Nigéria, que brutalmente tentaram silenciar as vozes que buscavam a justiça.
A Suprema Corte norte-americana autorizou em março de 2001 um processo contra a Companhia. Os advogados da Shell e da sua subsidiária Shell Transport and Trading argumentavam que os Estados Unidos não autorizam uma ação por crimes acontecidos em outros países, mesmo que digam respeito à lei internacional. O caso foi apresentado em 1996, em um tribunal federal de Nova York, por familiares de Ken Saro-Wiwa e John Kpuinen, que comandavam os protestos contra a extração de petróleo na região habitada pela etnia Ogoni, na Nigéria. Por causa dos protestos contra a Shell, os dois ativistas foram repetidamente torturados pelo regime militar que então governava a Nigéria. Saro-Wiwa e Kpuinen foram enforcados em 1995, após serem condenados por assassinato.

Comments:
é realmente revoltante quando uma empresa se aproveita da debilidade e da dependência econômica de outros países para gerar lucro, independentemente e contra todos os fatores sociais e humanos de qualquer população. A empresa aparece linda e maravilhosa para a maioria do mundo e omite seu descaso a custo de milhares de vidas e violência. Os países nunca vão entrar em um estágio de igualdade enquanto o lucro permacener acima do ser humano.
 

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